terça-feira, 6 de dezembro de 2022

 

BARKER E OS STEINWAYS

 

Meu professor acaba de postar em seu Instagram algo que lembrou a apresentação que fiz sobre os famosos pianos Steinway e Sons e ainda revelou o sucesso que o meu querido Antonio Barker vem obtendo como músico, pianista e maestro, sediado no Toriba Hotel de Campos de Jordão.

Campos, como se sabe, tem sido um foco bem interessante da música em nosso país, basta lembrar do destaque internacional que os Festivais de Inverno anualmente alcançam.

Barker, como professor, levou-me ao país das cifras, dominado pelos autores e intérpretes da música popular, brasileira e internacional. Mais do que isso, foi ele que me conduziu por um caminho seguro para a prática do piano na área do Jazz, da Bossanova e outras gêneros e estilos musicais.

As apresentações às quais me referi, ocorrem às quartas-feiras nas Reuniões Virtuais do nosso Mack 62 conduzidas por mim e mais dois antigos colegas que consideramos parceiros nessa gostosa atividade.  

Voltando à postagem inicialmente citada, que a seguir repasso, vejo lá também e, como sempre me surpreendendo, os dotes literários desse meu professor, até então por mim desconhecidos.

Primeiro, no início deste ano, chegou esta poltrona rotativa, com regulagem de altura fabricada no início do século passado, decorada com uma lira e com diversos motivos em metal dourado no seu corpo... Passei a usá-la nas apresentações do ToribaMusical, porém ela, em madeira envernizada, parecia não formar um par perfeito com o maravilhoso Steinway & Sons, tal e qual a letra de "Caminhos Cruzados" (Tom Jobim), "Quando um coração que está cansado de sofrer encontra um coração também cansado de sofrer"

Um outro piano Steinway & Sons, dono único, pouquíssimo usado, 100% original, com 110 anos de idade soando como absolutamente novo e também ornamentado com uma lira no suporte dos pedais, outra no suporte de partituras, além de motivos decorativos em metal dourado ao longo de seu corpo e pés, chegou milagrosamente na quarta feira, para formar o par perfeito que ela tanto aguardava.

Somente Deus pode essas coisas!

‘Grazie a Dio'


sábado, 28 de maio de 2022


 

O CASO DA PRODUÇÃO DO PIANO STEINWAY

Quando apresentamos em nosso grupo das Reuniões Virtuais o processo de fabricação de pianos, com destaque para o Steinway & Sons, não conseguimos entender como era possível uma escala de fabricação tão grande, entre os modelos verticais, de cauda e de concerto. E com preços que podem chegar, nos modelos mais avançados, até a meio milhão de dólares. Lembram-se disso?

Mesmo sabendo que 98% dos concertos musicais utilizam esse piano, é difícil entender onde está esse mercado comprador que sustenta duas fabricas da Steinway no mundo, lideradas pela histórica fábrica de Hamburgo onde se produzem anualmente 600 pianos verticais (preço médio de € 30.000) e 3.000 pianos de cauda (preço de  pequeno a médio de € 65.000), e ainda pianos grandes para concerto a um preço médio de € 140.000.

Vamos lembrar que um Steinway é composto por mais de 12.000 peças diferentes, demora cerca de um ano para fazer um porque 80% do trabalho ainda é feito à mão. Após dois anos de secagem da madeira, os operários confeccionam um cinto feito com 20 camadas de madeira. Este cinto seca em cem dias e depois é montado com elementos de estabilização (estrutura de ferro fundido em que a assinatura Steinway é pintada à mão) para suportar as 20 toneladas de tensão geradas pelas cordas esticadas. As teclas, há muito em marfim, são em PVC desde 1989.

Eu fiz este resumo depois de constatar um fato curioso quando preparava minha apresentação sobre as obras de Debussy tocadas por grandes pianistas (sempre num Steinway, é claro). Chamou minha atenção o fato de que o “Duo Recital at the Old Church in Boswil”, foi realizado em 2019 nessa comunidade da Suiça (Boswil), com cerca de 3.000 habitantes, os quais não dispensavam um maravilhoso Steinway em sua sala de concerto!

Impossível pra quem gosta de matemática e de estatística não fazer rapidamente a conta: se cada 3.000 habitantes tivessem juntos um Steinway, quantos pianos desses haveriam no mundo? Bem, só sabemos  que não haveria fábricas e nem madeiras para saciar essa suposta demanda. Mas dá para começar a entender o sucesso daquelas duas maravilhosas linhas de produção.        

Então, se por um lado já é possível entender como são comercializados tantos pianos por ano na Europa e nos Estados Unidos, por outro lado, fica difícil aceitar como nós, latino-americanos, estamos tão longe, culturalmente, de tanta gente que habita esse nosso planeta, caracterizado pelos mais absurdos contrastes sociais, econômicos e culturais.