Este texto pretente ajudar pessoas que procuram buscam usar nosso idioma sempre de forma correta, e também faz um alerta
aos que fazem uso da linguagem, escrita ou falada, como importante ferramenta
de trabalho e, principalmente, chama a atenção dos que dirigem ou assessoram profissionais
da comunicação.
Depois do reinado do “a nível de...”,
acho que todos se lembram disso, vieram os gerúndios compostos do tipo “vou
estar fazendo“, “posso estar enviando” – formas que contaminaram os serviços de
atendimento ao cliente e até mesmo algumas IAs da vida moderna.
Vou me referir a dois equívocos que, de uma hora para outra, surgiram com força entre
apresentadores de jornais de rádio e televisão, comentaristas, e mesmos
personagens de algum prestígio quando entrevistados, mesmo aqueles dos quais se espera uma
fala pelo menos semanticamente correta.
O primeiro é sobre o termo “assertividade”
que nada tem a ver com a palavra “acerto” e nem mesmo se escreve com a letra
“c”, mas decorre do verbo em inglês “to assert” que significa afirmar,
asseverar e, em certos contextos, pode até significar “reclamar” ou “reivindicar”.
Essa palavra frequentou os livros de autoajuda, as clínicas de psicologia e os
seminários de RH, de muitos dos quais eu participei e alguns até conduzi.
Assertividade é a “habilidade
social de fazer afirmação dos próprios direitos e expressar pensamentos,
sentimentos e crenças de maneira direta, clara, honesta e apropriada ao
contexto, de modo a não violar o direito e o respeito a outras pessoas. A
postura assertiva é uma virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois
extremos inadequados, um por excesso (agressão), outro por falta (submissão).
Ser assertivo é dizer "sim" e "não" quando cada umas dessas
expressões se fizerem necessárias”. Essa definição está no Dicio, o
Dicionário Online de Português, e não é muito diferente daquela que estudei,
divulguei e ensinei em vinte anos de trabalhos na área da comunicação
interpessoal.
Ninguém toma decisões mais
“acertivas”, nem procura médicos mais “acertivos”. Não existem hipóteses mais nem
menos “acertivas” e de maneira alguma se indica jogadores mais “acertivos” para
cobrar pênaltis! Tudo isso por uma razão muito simples: não existe em português o adjetivo “acertivo” assim com a letra "c".
Outra falha, essa bem mais
antiga, vem sendo observada com certa frequência, que é a do uso inapropriado do
advérbio “literalmente”, o qual
estabelece um entendimento “ao pé da letra” da expressão aplicada na
frase. Ajuda entender quando o próprio "Dicio" dá como antônimos de "literalmente" os termos “figurativamente” e “metaforicamente”. Dizer
que “fulano estava literalmente suando” quer dizer que suas glândulas
sudoríparas estavam em visível atividade – e só nesse caso aquele advérbio faria
algum sentido. Mas, se ao término do trabalho alguém disser: “Ele agora deve estar
literalmente morto!”, estaria usando essa expressão com sentido exatamente
oposto ao desejado, pois na verdade, ele está só "metaforicamente" morto.
Mas como a palavra, em sua
elegância, parece conferir um sentido superlativo ao que se deseja expressar, seu
uso equivocado se propagou. É interessante perceber também a ênfase dada à
palavra “literalmente”, tanto no tom de voz como na expressão facial.
Obviamente não pretendo aqui
esgotar o tema dos vícios de linguagem, muito longe disso, mas citar esses dois exemplos
porque estão na moda e são os que mais me incomodam. Problema meu, é verdade, porém
escrevendo isso me sinto com mais um dever civil cumprido, e convido a todos a
repassarem o texto, sem nenhuma obrigação de citar a fonte.